O mundo não é. O mundo está sendo.

Então vou começar de hoje.

Em 2020 inauguramos um novo universo dentro da nossa prática artística educativa do Núcleo de Arte Copacabana.

Não exatamente por uma escolha voluntária e fluída, mas sim por uma necessidade de estarmos vivos também nesse ofício escolhido com nossas melhores aptidões de cidadãos, educadores e artistas, enquanto atravessamos uma pandemia mundial.

Hoje, eu, Talita Leoneli, professora de artes visuais e arte literária, realizei com 7 alunos dos tempos de aulas presenciais( Alexandre Domingos Cavalcante, Arthur Avila Pereira, Caio Bezerra de Laffitte, Gabriela Domingues Santos, Gabriell Soares Pereira Lima da Silva Maria Luiza Porto de Araujo, Sofia Florentino Santos) uma aula sobre produzir caixas, na plataforma disponibilizada pela prefeitura para nossos encontros em novo formato.

Nessas caixas encontradas em cada uma de nossas casas, caixas que um dia trouxeram um bolo, um sapato, morangos, etc, estamos recortando e colando figuras de revistas, desenhos produzidos por nós mesmos, hoje e em outros momentos, cores, formas. Também escrevemos nelas com canetas e tintas, sobre nossos amores, medos, sonhos, decisões. Dentro delas colocamos brinquedos, mais desenhos nossos, fotos, poemas, palavras-sementes.

Que a primavera iniciada ontem nos floresça em nossas lembranças e anseios. Que guardadas ali, em  nossas caixas de afeto, nossa proação se realize na construção de uma realidade mais justa, sonho  comum em cada um de nós.

"A esperança faz parte da natureza humana. Seria uma contradição se, inacabado e consciente do inacabamento, primeiro, o ser humano não se inscrevesse ou não se achasse predisposto a participar de um movimento constante de busca e, segundo, se buscasse sem esperança. A esperança é uma espécie de ímpeto natural possível e necessário, a desesperança é o aborto desse ímpeto. A esperança é um condimento indispensável á experiência histórica. Sem ela não haveria História, mas puro determinismo." 

Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia